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Encerro este blog hoje, e dentro de algumas horas me arrasto pelos corredores subterrâneos de Paris, pego o RER aqui mesmo na estação Denfert-Rochereau (na esquina da rua daquele fotógrafo... como se chama, déjà?) direto até o aeroporto Charles de Gaulle.

Minhas malas são cada vez mais leves.
Acho que o que os olhos vêem se costura por trás deles, num espaço que desconhece fronteiras, que acolhe este céu algodoado de Paris e pensa: nunca vai ser meu, mesmo que eu volte a morar aqui um dia. Nunca vai ser mais meu do que qualquer outro céu. O do Rio de Janeiro inclusive, ou o do Planalto Central, ou o céu do Colorado (mais baixo do que os outros céus?).
Por isso mesmo, o céu de Paris pode ser meu.
Meu: pronome possessivo despossessivizado.

Creio que encontrei o livro que vim buscar aqui. Ou ele me encontrou, o que dá no mesmo. E me despeço com um trecho do Vilém Flusser, filósofo judeu nascido em Praga que morou também no Brasil, na Itália, na França:

“Estrangeiro (e estranho) é quem afirma seu próprio ser no mundo que o cerca. Assim, dá sentido ao mundo, e de certa maneira o domina. Mas o domina tragicamente: não se integra. O cedro é estrangeiro no meu parque. Eu sou estrangeiro na França. O homem é estrangeiro no mundo.”

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